segunda-feira, novembro 12, 2007


Imagem retirada de:

http://www.megaholidays.com/imag_07/0317_p_4.jpg

Olhar o Oriente

O raio de sol, que alto brilha,
beija a pálida água do lago;
As nuvens loucas, que brincam à roda,
deixam cada uma cair seu bago.

Chapéu de palha e banco de cortiça –
Entre os dois: uma silhueta de mago.
Ao lado: um menino com sorriso de cobiça
pelo peixe que chora um afago.

Desliza pelos braços o peixe,
imergindo nas sete cores do feixe,
que entretanto brotou na água.

Vendo o rosto do menino entristecer,
o mago abrigou-o no colo, sem mágoa -
ensinando-o a pescar para viver.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Apresentando-se o cavaleiro




D. Quixote, o poeta,
o guerreiro dos sonhos ou
o nefelibata que não é...
A eternidade


segunda-feira, outubro 15, 2007

Ser Poeta...

Ser poeta...
É sentir e pensar.
É perder e ganhar
sem chegar à meta.
É ser tudo
e querer ser nada.
É falar mas mudo.
É ser pintor,
é ser escultor
e não fazer nada (?)
É ser o que não é,
é não ser o que é.
É chegar aqui e além.
É ser ateu com muita fé.
É lembrar-se quem é
no âmago do esquecimento.
É sentir o que toca
sem saber o que é.
É ser confuso,
é ser recluso,
e só o perceber
quando está a escrever.

quinta-feira, setembro 27, 2007

A ode dos canalhas

Vivem entre nós grandes campeões:
príncipes na sua vida;
juízes da vida alheia;
reis das casas de todos os botões.

Puros seres celestiais;
semideuses do Olimpo terrestre.
Há em todos eles um mestre,
capaz de todas as façanhas geniais.

Em todas as gerações nascem fornalhas
destes heróis da nação.
Terão eles todos a razão,
estes canalhas?

Vivem entre nós grandes campeões:
príncipes na sua vida;
juízes da vida alheia;
reis das casas de todos os botões.

Grandes alpinistas do infinito;
nadam oceanos e mares;
voam. Eles voam pelos ares;
dizem tudo num só grito.

Por eles todos os sinos dobram,
assim como dobram todas as mulheres,
colhendo inúmeras flores -
tantas que nos seus jardins já sobram.

Fazem de nós e nossas falhas:
póstumos mortais de vil coração.
Terão eles todos a razão,
estes canalhas?

Vivem entre nós grandes campeões:
príncipes na sua vida;
juízes da vida alheia;
reis das casas de todos os botões.

Nobres, jamais se dignam a pensar,
pois vivem no reino da felicidade.
Deixando arder a insustentável simplicidade
para os reais filósofos queimar.

E, enredados pelo destino e suas malhas,
os valorosos pensadores pensam - eles pensam!
Terão eles todos a razão,
estes canalhas?

terça-feira, setembro 11, 2007

ADeus avô!

Ah meu querido avô,
que partiste.
Deixaste-me só!
Deixaste-me triste!
Trepaste o cipreste
até ao firmamento.
E, assim, pereceste
num sombrio momento.
A tua voz, o teu abraço,
qualquer teu movimento,
mesmo um simples um passo:
viverá no meu pensamento!
Fecharei os olhos
sempre que te quiser ver.
Mas nunca, nunca
te irei esquecer...

A ti avô

sexta-feira, agosto 17, 2007

Segredo

É no silêncio
da solidão e do pensar,
que vive, em sossego,
o segredo por contar.
É na distância
do Ser ao falar,
que ouvir é ânsia -
ânsia por escutar.
É no querer ao fazer;
no calar ao dizer,
que se esconde o segredo,
que pela cobardia do medo,
do sossego não quer sair:
insistindo em não existir.

segunda-feira, julho 02, 2007

No coração (confusão metafísica)

Na arena do pensamento
combate um homem,
lutando com o alento
dos que nada temem.
O sonho é a armadura;
a espada de tinta;
o Pégaso para a aventura
que no seu escudo se pinta.
E quem a morte tente,
tenta fazer frente
a este guerreiro imortal!
E quem por ele se vê morrer,
saberá que vai renascer
imune ao mal!

sábado, junho 23, 2007

Almas Gémeas


Alma Gémea

Quando me vêm com amor
dá-me vontade de rir...
Falam-me de sentimentos únicos,
de singulares sensações, de pensamentos dominados,
de vidas com um só sentido - Merdas.
(Disparates que nós inventamos,
coisas estúpidas que nós criamos.)

Dizem-me que somos um para o outro,
Almas Gémeas, portanto.
E depois vem o beijo.
(Oh, o beijo que toca a alma, que afaga a alma,
que nos faz sonhar, que nos sobe ao Nirvana...)

Quando encontramos a nossa Alma Gémea:
olhamos, e ela, a Alma Gémea, olha também, Claro!
Falamos, saímos, cruzamo-nos e dizemos:
- És a minha Alma Gémea. E depois vomitamo-la...

Saímos de casa em busca da Alma Gémea,
encontramo-la
-Não a mesma, outra ainda mais Gémea que a anterior.
Expressamos-lhe o eterno amor. Ela, a Alma Gémea,
expressa o dela, Claro!
(Oh, o amor. O sentimento que move fronteiras,
que não conhece limites, que não se finda...)

Saímos de casa em busca da Alma Gémea,
encontramo-la
-Não a mesma. Outra ainda mais Gémea que a anterior.
E quando os nossos lábios se unem, pensamos:
- É ela, a Alma Gémea.

Saímos de casa para encontrar uma flor
para dar à Alma Gémea.
Mas eis que a vemos, a Alma Gémea
-não a mesma, outra ainda mais Gémea que a anterior...

sexta-feira, junho 08, 2007

O Beijo

Recôndita sinestesia
em recontro púrpura e encarnado –
o Beijo que amanhecia
o fogo invisível fadado.
Mão que o ombro padecia;
olhar à alma apontado:
corpos a quem Eros prometia
o fogo invisível fadado.
Sensações, sentimentos:
anseiam por nascer.
São sonhos, pensamentos
que depressa deixam de Ser,
quando o beijo, por momentos,
insiste em querer morrer.

(Texto baseado na fotografia o beijo, de Doisneau)

terça-feira, maio 15, 2007

sábado, maio 12, 2007

In

I

Trago pensamentos;
horizontes insustentáveis.
Crio sentimentos;
sensações inalienáveis.

Sussuro filosofias,
teses, juízos, poemas,
técnicas, sistemas,
opiniões e atrofias...

Esboço sorrisos e olhares;
desenho gestos, idiossincrasias;
imito caretas e esgares;
invento curas e patologias.
(...)
Quem, isto, ousar ler,
nas palavras não se deixe quedar.
Parta do porto para ver
o mar que (não) consegui mostrar...

sexta-feira, abril 20, 2007

Estou cansado, e não me canso

Estou cansado:
Cansado de pensar
na tua ausência;
Cansado de te ver
sem ter a tua presença;
Cansado de fugir
Sem saber
para onde ir;
Cansado de te buscar
e nunca te encontrar.
Estou cansado
de estar cansado.
Mas o que me cansa mais?
É não querer parar
de me cansar.
Pois quero me cansar,
quero os pulmões cansar,
cansar de tanto gritar.
Quero cansar a voz
de tanto gritar por nós.
Quero cansar o pensamento,
Quero cansar o sentimento...
Quero cansar de Ser-
Por não te Ter.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Lá no sul do meu País

As casas de branco pintadas;
O azul do Mar;
As ruas de gente recheadas;
O Sol que teima em ficar.
O olhar de todos feliz;
A Vida cantada;
A calma agitada,
Lá no sul do meu País.
Faz bem só pensar,
Naquela linda região,
Que nos fica no Coração.
Faz bem só pensar,
Naquele mágico local -
Um cantinho de Portugal!
Lá no sul do meu País...

quinta-feira, janeiro 18, 2007

A pedra de Sísifo

As palavras que vejo;
São palavras que me não vêem
A mim.
Os sentimentos que anseio;
São os sentimentos
Que se ocultam de mim.
Os sorrisos, que se abrem,
Principiam-se
Onde surge o meu fim.
Os olhares que me deitam
Precipitam-se sobre mim.
As palavras que vejo;
São palavras que me não vêem
A mim…
Lisboa, 17/01/07

domingo, janeiro 07, 2007

Doxologia

Aquele apolíneo sorrir
Alvora em mim
Contentamento!
Aquele seu cantar
(que muitos dizem ser falar)
Atea-me o pensamento!
Aquele melífluo ver
Faz diáfano meu ser!
Aquele seu jeito
De Vénus e Diana
Trespassa meu peito!

Nirvana( desejo)

Pode-se amar alguém
Que não se ama
Mundanamente?
Não será o amor
Ideia mundividente?