quinta-feira, dezembro 07, 2006

A vida é injusta!
A vida é injusta porque não me deixa viver. A vida deixa-me ir vivendo.
A vida é injusta porque brinca comigo.
A vida é injusta porque faz-me sentir coisas que eu já tinha sentido. A vida é injusta porque lembra-me de coisas que eu já tinha esquecido. A vida é injusta porque faz-me viver coisas que eu já tinha vivido.
A vida é injusta porque não me deixa esquecer uma mera saia branca, uns simples olhos azuis, um tímido olhar, um sorriso de merda que me matou, um momento que me marcou...
A vida é injusta porque essa saia branca já não existe, porque esses olhos azuis já não os vejo, porque esse olhar já outros o viram, porque esse sorriso de merda não me enterrou, porque esse momento não me largou...
(A vida é injusta porque tu não sabes desta saia branca, nem destes olhos azuis, nem deste olhar, nem deste sorriso, nem deste momento que eu estou a falar. A vida é injusta não é por te teres esquecido é por nunca teres sabido.)
(...)
A vida é injusta porque brinca comigo e quando isto acontece - são coincidências, é o destino dizia eu. Coincidências? Destino? A vida é injusta por que isto são tretas; merdas que digo para me resignar, merdas que digo para não me doer.
A vida é injusta porque trata-nos como nós merecemos: trata-nos com desdém, com desprezo, com estupidez. Porque nós somos estupidos. Porque nós acreditamos em coincidências, no destino. Porque nós acreditamos num Todo-Poderoso que vai resolver tudo - como se Ele se importasse com a nossa pequenez.
A vida é injusta porque nós não acreditamos em nós. A vida é injusta porque nós não fazemos, apenas pensamos.
A vida é injusta porque nós nunca percebemos que ela é injusta porque tem que o ser. A vida é injusta porque só nos lamentamos dela.
A vida é injusta porque é e ponto final