sexta-feira, abril 02, 2010

A moda das calças ao fundo do cu

Um dia quiseram saber qual era o meu estilo…
A que matilha de aperaltados eu pertencia…
Mostrei os dentes,
Amarelados pela raiva de tal inquisição.

Mas porque raio terei eu que ter um estilo?
O meu estilo é não ter um estilo.
É não usar o que todos usam.
É não ser o que todos são.

Mas porque hei-de eu usar uns óculos de massa
Se não tenho qualquer problema em ver
O que está diante de mim?

Mas porque hei-de eu vestir uma camisa,
Com umas calças e uns sapatos a condizer.
Se dentro de mim há tanta coisa que não condiz?

Mas porque hei-de eu ter cores a combinar,
Se todo eu só tenho uma cor?

Mas porque hei-de eu ter as calças ao fundo do cu,
Se o cinto que me obrigam a trazer é tão apertado?

Caramba!
Porque é que eu tenho que estar bem-vestido?
Ou mal-vestido? Ou mesmo vestido?
Se as coisas mais importantes da vida se fazem sem roupa,
Ou sem qualquer preocupação pela roupa.

Eu nunca vi ninguém nascer vestido.
Nem tão pouco vi um morto inquietar-se com o seu vestir.
Nunca vi ninguém preocupado com a roupa no amor.
Mas já vi tirar a roupa à pressa no amor.

E uma vez sem roupa,
Onde é que eles têm o estilo?
Nos óculos de massa?
Nas camisas, nas calças e nos sapatos
entretanto aventados para baixo da cama?

Não, eu não tenho as calças ao fundo do cu.