sexta-feira, maio 21, 2010

Há muito que penso na loucura.

Se na sua essência se levanta a guerra
E dorme a paz?
Ou se no seu coração
Se escuta a melodia da lira de Orfeu?
E que som terá a loucura:
Um suspiro ensurdecedor
Ou um grito omisso?

Se a filosofia ensina a ver que as coisas
Não são verdadeiramente coisas;
E se a poesia existe para sabermos que as coisas
São muito mais do que coisas.
Então o que ensina a loucura?
Que quando se olha só se vê o que lá está
E não o que poderia lá estar?
Que não há uma montanha entre a realidade
E o sonho?
Que a linguagem não a serve
E só o sentimento a pode exprimir?

Um dia que a loucura me ache
Quero que esta lucidez me encontre
Para que saiba que me perdi num hoje
Que não foi ontem,
E que nunca será amanhã.

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